Tentava prosseguir um caminho poético relevante,
mas havia sempre alguma ave que se intrometia
e eu, como captor eólico, ceifava, ceifava
vidas inocentes no exercício ético da palavra.
Nesses instantes de profunda criação era como se
uma cidade se interrompesse, uma rua desaguando
no beco, uma calçada incompleta, um monte de terra
resvalando em verso inclinado, no topo margaridas.
Depois havia sempre (a interromper o poema)
O som da onda, a duna ventosa entrando na casa
do poema, e os outros poetas, ora entrando ora
saindo, como vagabundos à deriva, sem código postal.
Setembro 2011
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