sábado, 27 de agosto de 2011

(...)

Quando a literatura vier,
estarei velho,
debaixo das pequenas papoilas,
pelos campos,
perdido como sempre,
ao longo do carreiro incerto,
desembocando na falésia,

Como eu gostava de desnudar
o corpo de encontro às rochas
e como elas pareciam minhas
confidentes.

Às vezes, um barco esperava-me
no fundo da falésia,
de tão solitário,
atado às ondas,
ao brilho intenso
que se desprendia
dos cabelos.

Era ainda menino,
nesse tempo de onda lisa
onde agora a falésia
esfarela a errância.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

OBSERVADOR DE CÉUS

Quando o azul alastra,
abrindo os braços de espuma,
quando uma gota minúscula
é tomada pelo azul letal,
daí pode resultar a grande
observação dos pássaros:
o voo completo dos oceanos.

O observador de céus caminha,
só,
em cada baía,
quando o sol arde,
e o mar se recobre de palavras,
lentas, húmidas,
na torrente do poema.

Alvor, 2011