quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Poeira dominical

A cada momento caminho mais e mais,
as solas rasantes da poeira,
como um rasto espesso e mole,
o caminho serpenteia por entre
o papel com braços de sombra.

De tanto ecoar a luz embriaga,
Ah! As sílabas balbuciantes da tarde,
Um pino, trote ao ritmo cerebral,
como água nas paredes de janeiro.

Branca é a luz coada na parede,
que toco, alongando os braços,
fortes do ulmeiro,
a floresta de sangue por ofício,
a casa de chuva por abrigo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Janela aberta sobre Andrei Tarkovsky

Pedra e água no ângulo
da palavra,
uma névoa sagrada,
a luz na esquina
nua dos cabelos,
como pequeno sussurro,
não vejo senão a cegueira
do tempo,
a longa espera,
florestas compassadas,
tu és aquele que não é,
quadro de mãos aquosas,
quase invisível,
de luz alva das manhãs silenciosas,
como as palavras opacas,
que dissemos lentamente,
os dois.