sábado, 6 de março de 2010

(Reedição #3)

Por fora uma estrela,
a reluzir na corda cintilante,
em torno do pescoço.

Por dentro a lentidão
do sangue coagulado.

Tapetes vermelhos,
com flores cravejadas.

A respiração no vaso do vento,
enormes nuvens, gasosas.

A adução do sangue
à ponta do sexo em crescimento:
uma punheta.

A vida toda num barco:
no porão da existência.

Raparigas em cada porto,
para a iniciação das marés.

O tirocínio do mar
como um prelúdio
de morte.

O alcool na noite fria,
ensopado nos ossos,
nas cartilagens,
no sémen.

A geminação da carne:
antecipação de gestos
de ternura.

O grito envolvendo suores
numa poesia líquida:
a iniciação das estrelas
na fenda do corpo.

Toquei-te, já não sei
se eras,
voaste quando te lia
o livro das mãos.

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