Começo sem nada nas mãos,
apenas a densidade do fim da tarde
uma luz ao longe domina
nada demasiado intenso ou definido
um recorte, um contraste apenas
um leve calor de fogueira
e a luz sempre retirando da escuridão
as formas indefinidas: a solidão
(de tão sozinhas quase impuras)
os versos fluem do fundo da cratera
como uma garganta seca que procura
a água: inundo-me de luz
Sempre as mãos no ventre da terra,
áridas, na busca incessante do pomo
sempre as palavras no eco oco das ondas
sempre o corpo no corpo dobrado,
de encontro à boca, à língua que anseia,
incessante a nuvem liquefeita da linguagem.
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