quarta-feira, 31 de março de 2010

Capelas Imperfeitas II



abandono todos os dias a vida
para te devolver ao livro,
à morte límpida que te deita

boneca de pele alva
empoleirada nos tacões
da noite

uma fita no cabelo,
como naquele dia
cobrindo a flor do corpo
no saco de plástico em que
te embrulhavam pela última
vez

um celofane diáfano
revela a pele morna,
lívida, límpida,
serena

serena
é a tua noite na morgue,
num dia em que a festa
foi um pouco mais além
e alguém desenhou na tua pele
um tricot rubro de festa brava.

Sem comentários:

Enviar um comentário