sábado, 17 de abril de 2010

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

O rio - eram quatro da madrugada
irrequieto, entrou-me na cama
sonhei-o com forças brutais
trazia sementes misturadas
e uma guarda de escada
que me entrou no quintal

por baixo da cama um ralo
a água em espiral
acordei já no céu
Deus com a túnica enlameada.

5 comentários:

  1. sobre hidrologia há tanta água por dizer...

    [agradeço a visita às fábulas... e os comentários que as ajudam a completar-se]

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  2. Sem dúvida...
    (navegar é preciso para chegar a portos seguros - e as fábulas têm um cais largo).

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  3. Um poema sólido no líquido do sonho-sono!
    Aqui deixarei ficar o meu comentário loongoo à refª do "A Babuja". MAD-o Parente da Refóias - era um dos blogs que seguia regularmente, as deambulações pela serra e os lugares, a forma de falar, as tradições. Ficam-me sempre em memória e nos favoritos, por vezes passo e nem comento. Mas essa expressão sobre "memória" foi uma enorme coincidência; porque há poucos dias andei a rever fotos de anos 80/90, algumas digitalizei "para memória futura" uma vez que Ferragudo/Portimão estão irreconhecíveis - e já nem me apetece passar lá! Por isso teve piada teres falado nisso e na beleza dessa Praia Grande. Nos anos 80 e tal íamos regularmente de férias para essa zona, pequeno almoço sempre tomado na esplanada do Snr. João Pinto, a olhar a baía bela, e lembro-me de brincarmos com o meu filho pequeno e dizer "windsurfbaranau" ... E pronto, há fluxos que se cruzam nos ares. Abçs e obg pelas amáveis palavras

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  4. Longo comentário a completar memórias longínquas. Era mesmo o "Windsurfbaranau" e em frente a essa esplanada sobre o estuário do Arade, costumava eu em dias de ventania lamber com as costas a superfície irrgular das suas águas e quase despenhar-me nas pedras do molhe leste. À noite, nessa "Nau", com amigos e umas cervejolas fazia-se a aprendizagem da música nova dos 80, às vezes com Bob Marley em fundo, as luzes da Rocha o cheiro a verão.
    Espero imprimir neste "Ferragudo" que povoei de 71-81(?) alguma dessa brisa inebriante que aqui vamos escrevendo em retalhos.
    Obrigado pela visita e contributo.
    Abraço.

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  5. ...mas a memória
    por vezes dói
    como um
    despenhamento na realidade!
    Tantas vezes muito pior, a realidade, desse tempo dourado e mais silencioso.
    Obg Abç

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