O caminho parecia-lhe fértil e verde no fundo da janela que emoldurava o perfil no carro. Ele falava e gesticulava de um modo único, com aquelas mãos de proporções equilibradas e seguras no volante. Aceitou o convite dele sem duvidar que o sim era mais do que o aceite de um convite para almoçar naquele local próximo à cidade. Era um sim a ele e a todas as suas sutis investidas. Conversaram muito para não dar espaço ao verdadeiro sentido de estarem ali, anônimos de si mesmos, sob todos os disfarces dos desejos encobertos nos assuntos. Num instante e já se encontravam na vila feito baratas tontas, sem que ela fosse objetiva quando ele perguntava sobre onde iriam. Ele queria um sinal explícito e sua hesitação cheirava a medo. Depois de alguns talvez, você é quem sabe, pode ser, foram parar naquela pousada que tinha um enorme jardim. Achavam que não queriam um quarto, iam primeiro visitar o local. Caminharam constrangidos e cautelosos pela trilha que levava ao chalé mais distante da portaria, sentaram-se em frente a um pequeno lago e permaneceram falando sem trégua naquela manhã ensolarada e incerta. Foi, então, que ela tirou os sapatos e colocou os pés na água para diminuir a tensão, dar espaço aos impulsos sensoriais e naturais de fundo que os uniram. Ele pareceu não entender o gesto, riu dos seus pés pequenos e a convidou para ir embora. O sol agora os queimava. Almoçaram num restaurante de comida sem tempero, falaram mais ainda na longa viagem de volta e se despediram com aquele até mais banal e definitivo.
in Blog "Templo de Atena" Aqui
Olá, Paulo. Até me assustei quando o google mail avisou que havia um comentário no meu blog. Andamos muito silentes, meu blog e eu. Obrigada pela visita e pelo gentil "roubo". Abraços.
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