A fome, o desamor, o deasabrigo,
nenhum mal é comparável à miséria
dum emprego, com as horas escoltadas
por minutos, os minutos como lápis
afiados, rasurando dia a dia
o animoso galarim das faculdades.
A questão, uma vez mais, é recusar;
desde logo, a protecção dos que traficam
com a liberdade alheia, o conforto
de servir os mediáticos negreiros,
cuja sorte se cimenta no apelo
que dirigem ao pior de cada um.
Pois aquilo a que chamais a liberdade
a coleira do consumo para muitos,
para poucos a gestão do entreposto)
não é mais do que extorsão e propaganda,
centenária manobra de fidalgos
educados no prazer da injustiça.
in Walkmen, José Miguel Silva e Manuel de Freitas, 2007
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