choro
porque te queriaaportada mais cedo
nos meus braços
choro
porque quero
que nunca me partas
assim o crepúsculo chegue
choro
porque um cheiro
silvestre de flores
nunca me parou assim
choro
porque ainda encontro
o macio das tuas mãos algodão
amimadas no meu peito
choro
e as lágrimas escarpadas
não são mais que espelho e oxigénio
tudo ainda mais vivo e a pele aquecida
afinal choro
nunca foi nada assim
in “Mar de Fora” - Henrique Graça – Lagos, 2010
Em edição de autor, intitulada "Mar de Fora", de imagem gráfica invulgarmente cuidada, a poesia de Henrique Graça (n.1966, Lagos), revela-nos um discurso do primado da palavra, transportando o leitor à inexorável energia dos elementos, onde o mar, desempenha um papel central, como o próprio título faz prenunciar e onde a nostalgia do mareante transpõe a visão dos recortes dessa costa do sul de Portugal, cuja beleza tem vindo a ser progressivamente erodida, com tudo aquilo que a metáfora encerra. Não faltam na estrutura da obra, referências ao funcionamento cíclico das ondas "Três sets...", complementadas por ilustrações de elementos marinhos. É sobretudo um discurso poético à beira do abismo azul, da vertigem dos grandes espaços, aquele que nos é dado pelo poeta lacobrigense.
P Ponte (Caldas da Rainha, 1 de Setembro 2010)
Também no blog poemas em azeite: Aqui
Muito bem, palavras justas e merecidas pelo autor do "Mar de Fora".
ResponderEliminarE esperamos brevemente ter outras palavras em livro, para ampliar a palavra.
ResponderEliminarUm abraço e bons azeites.