Arrecadei os pedaços de papel
(todos os meus haveres)
e vim viver para esta rua,
para esta cidade que não me conhece,
nem mesmo os vizinhos, emigrantes,
acondicionei tudo e empreendi a viagem,
trazendo comigo a caixa de correio,
vazia,
onde agora colocam panfletos de poesia
pop,
instruções de produtos de limpeza,
programas de turismo sénior,
aparelhos auditivos - poupar no IRS.
Fechei-me na imensidão de folhas
de Outono, julgando revertê-las
ao cerne da floresta,
que caiba inteira na rua estreita,
para onde transportei, de outro lado,
a minha própria solidão.
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