domingo, 24 de julho de 2011

ILHÉUS

A voz de Natália procurou-me
quando percorria o silêncio
verde da ilha e a voragem da
onda lavava o eco do trovão
ao peito troante da palavra.

Som e fúria, signos fechados
na rocha ígnea,
em cada fenda reentrante
o feltro verde ou a parede
instável da voz.

Cimento, cal e areia
misturados com a força
aquífera da vertente,
jorrando da montanha,
tecidos os muros,
sulcados de espuma,
lavados os nomes dos homens,
resta o musgo e a rocha
e a cinza, onde aflora nua
a boca sôfrega do mar,
o último vestígio da linguagem.

Porto Santo, Julho 2011

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